Resumo
Resistência antimicrobiana (RAM) pode ser detectada em bactérias de diversos ambientes, incluindo o aquático. Micropoluentes como antimicrobianos, chegam aos corpos hídricos por descarte incorreto ou como resíduo em excretas humana e animal, não sendo totalmente removidos pelas estações de tratamento de esgoto (ETEs). Assim, nos efluentes das ETEs, permanecem em concentração subinibitória exercendo pressão seletiva sobre a comunidade bacteriana local. Este estudo visou identificar bactérias gram-negativas resistentes à colistina (COL) e minociclina (MIN) em efluente da ETE Várzea das Flores, Carmópolis de Minas-MG. Dois litros do efluente foram coletados e 20 mL inoculados em caldo BHI (180 mL). Após a incubação (24 h/ 35 ± 2ºC), 100 µL das diluições seriadas (10-1 a 10-7) foram inoculadas em ágar MacConckey puro e suplementado com COL, MIN e COL + MIN, em concentrações determinadas pelo CLSI e BrCAST (2023), utilizando a técnica de spread plate. Posteriormente foi realizada a contagem das colônias e os morfotipos obtidos identificados utilizando ágar cromogênico e provas bioquímicas. 31 morfotipos (equivalente a 21.700 UFC/mL) pertencentes à ordem Enterobacterales (seis Klebsiella pneumoniae, 17 Proteus mirabilis e oito Escherichia coli) resistentes a COL+ MIN, de particular preocupação no cenário clínico pelo desafio do manejo terapêutico das infecções, foram submetidos ao teste fenotípico para a investigação da proteína Mobilized Colistin Resistance (MCR). Apenas um isolado (E. coli) foi considerado produtor de MCR. Esses achados alertam para o risco à saúde humana e animal que o efluente da ETE pode representar e apontam para a necessidade de intervenções em ETEs para mitigar tais riscos e a disseminação da RAM.